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Uma das preciosidades da comunicação e do jornalismo é a possibilidade de se trabalhar em várias frentes comunicacionais. Jornal impresso, rádio, TV, internet e podcast são alguns destes caminhos.

 

Mas de longe, o meio comunicacional que mais agrega comunicações e, claro, diversifica técnica e culturalmente o comunicador é o radio; o meio da comunicação mais inspirador, formador e criativo.

 

E conhecer uma comunicadora do rádio é conhecer a comunicação como tal. Nadedja Calado tem 29, nasceu São João de Meriti, na Baixada Fluminense, mas cresceu em Vitória, no Espírito Santo, e se considero capixaba. Mora em São Paulo, se formou em Jornalismo pela UFRJ e, atualmente, está cursando Direito. Nadedja trabalha na CBN e com uma inteligência e experiência sensacionais, concedeu uma entrevista que é uma quase um curso de comunicação.

Quem é Nadedja Calado?

Uma capixaba, torcedora do Vasco da Gama, da Mangueira, do boi Garantido, jornalista, acadêmica de Direito por puro interesse no nosso ordenamento jurídico. Alma gêmea e companheira do melhor jornalista e ser humano que eu conheço. Falo com todos os cachorros que passam na rua. E concílio paixões de uma adolescente de 13 anos com outras de um velho de 120, que não têm nada a ver uma com a outra. Enfim, uma vida absolutamente comum, mas que, para mim, é a coisa mais excepcional do universo. 

 

Como é a Nadedja jornalista?

Eu sinto que todo dia de trabalho é um quebra-cabeça a ser montado. No fim do dia, quando a reportagem está pronta, o programa está apresentado, a entrevista está feita, o podcast está publicado ou qualquer que seja a função que eu esteja desempenhando, este quebra-cabeça está pronto e no dia seguinte vem um novo. Eu curto desde a hora de tirar as peças da caixa até o momento de ver o resultado final. É sempre desafiador, mas hoje eu tenho a sorte de, mesmo com uma carreira ainda breve, me sentir confortável com o ofício, o contato com o ouvinte e a colaboração com os colegas. Nem sempre dá tudo certo, às vezes, o planejamento falha. Às vezes, por culpa nossa (minha), mesmo. Tento não ter compromisso com o erro, resolver o que for possível e seguir em frente, sempre. Uma das maravilhas da profissão, para mim, é que muitas vezes ela consiste em aprender as coisas para passar adiante. É clichê, mas não perder o olhar de curiosidade é muito importante. Da mesma forma, tento não me dessensibilizar, você cobre uma tragédia hoje, uma amanhã, uma depois de amanhã, e não pode começar a achar aquilo normal. Por fim, acho que meu grande desafio é nunca perder de vista que o sentido de tudo é o público. O trabalho precisa ser o melhor possível não pra mim ou para ficar bonito na minha rede social, mas para quem vai ler, assistir ou ouvir. 

 

Seu trabalho como repórter pela CBN é difícil?

É e não é. Reportagem é sempre difícil, até quando é fácil. São muitos detalhes, muitas coisas para correr atrás, muita coisa mudando rápido, muitas variáveis para pensar. O rádio é um meio encantador, que tem muitas particularidades. Mas é fácil no sentido da minha familiaridade com a técnica, o formato, as ferramentas, todo o conforto de estar lá um tempo razoável na mesma atividade e no mesmo lugar. Mas eu não sou repórter integralmente, tenho sorte de poder atuar muito na apresentação de programas ao vivo e de podcasts, interinamente. É desafiador e uma responsabilidade. 

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Nadedja Calado com a mão na massa pela CBN e
marcando presença no 
Roda Viva!

Há 10 anos, você iniciou sua carreira na comunicação. Como foram esses anos para seu crescimento profissional?

Foram muito ricos, uma das belezas de ser jornalismo é que todo conhecimento é útil. Mesmo as coisas que eu fiz que não estavam exatamente alinhadas com o que eu queria da profissão me serviram pela experiência, e até por isso tentei fazer um pouco de tudo. Ainda na faculdade, trabalhei com atendimento em startup, jornalismo de cinema, produção de TV, comunicação comunitária, jornal e fiz alguns trabalhos voluntários em favelas do Rio de Janeiro. Formada, realizei o sonho de ser repórter do jornal O Dia em várias editorias. Nunca tinha pensado em trabalhar com rádio, mas um veterano da faculdade achou que eu tinha talento e fui parar na BandNews FM como trainee, inclusive na equipe de produção do Ricardo Boechat. Foi uma passagem breve, mas foi aí que eu descobri o rádio como meu meio preferido e depois fui à CBN, onde fiquei cinco anos, fiz um pouco de tudo no Rio e em São Paulo. Ainda passei um período na redação paulista da principal agência de notícias da Itália, depois outro momento na cobertura política do Espírito Santo. E voltei à CBN em SP, onde sigo agora nesta segunda passagem. Em todas essas experiências acabei fazendo um pouco de tudo (redação, redes sociais, edição, chefia de reportagem, ancoragem, locução, TV, podcast), em todas as editorias possíveis. Outra beleza do jornalismo é que todo dia é diferente e sempre tem algo novo a descobrir, aprender, alguma experiência nova a ser vivida com aquela emoção de estreia. 

 

Muitas pessoas da comunicação alegam que a graduação de jornalismo não é necessária para a área. Qual sua opinião sobre?

Cada caso é um caso, e eu sei que temos profissionais bons e bem sucedidos com outras formações. Ao mesmo tempo, para quem deseja ser jornalista, eu não recomendaria nada diferente de uma graduação em jornalismo. Eu mesma não imagino como teria seguido essa carreira se não fosse a minha formação. Tenho uma anedota na família sobre essa questão; meu pai também era jornalista e quando entrou na profissão, na década de 1940, o curso de jornalismo ainda não existia. Quando ele morreu, em 2012, o curso de jornalismo já não era obrigatório. Para mim, a parte de estudo acadêmico em jornalismo foi fundamental, mas respeito trajetórias diferentes disso. 

 

A história do jornalismo brasileiro é regrada de luta, de poder e de muitos veículos pequenos, médios e grandes que mudaram os caminhos do Brasil. Para você, o que é a história do jornalismo do nosso país?

É uma história que reflete a do país em si. Somos uma democracia jovem, que enfrentou percalços, mas estamos aqui. Da mesma forma o jornalismo. Como jornalista e consumidora de jornalismo, tenho orgulho e admiração pelas produções que o Brasil tem. É uma história com muitas manchas, mas não acho que deva ser definida por elas. Vale reconhecer os erros e más práticas, assumir responsabilidades, mas sem deixar de lado o reconhecimento devido. Informação é um direito, e o jornalista é quem o garante. Nessa estrutura, para mim, os veículos independentes, os pequenos, as novas mídias e a mídia tradicional de massa têm cada um o seu lugar e importância. O mesmo vale para os diferentes meios, plataformas e formatos. O jornalista que proporciona lazer, o que presta serviço, o que faz investigações profundas, o que analisa… Considero nossa atividade fundamental. 

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Você ouve muito Rock? Quais suas bandas preferidas?

Sim! Eu gosto principalmente de Indie: The Strokes, Arctic Monkeys, The Kooks… Tem um ponto do Indie que eu não sei mais definir se é Rock ou outra coisa, mas minha banda favorita da vida é Phoenix. Também os clássicos, claro, Queen, Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, David Bowie… De nacional, sou viciada em Maglore. 

 

Nadedja, você já trabalhou com jornalismo cultural? Gosta dessa área?

A vantagem de trabalhar em rádio é que não tem editoria, então tem oportunidade de fazer de tudo um pouco. Nunca fui setorista de cultura, mas já cobri shows, festivais, exposições… Não considero que é meu ponto forte na reportagem porque me falta habilidade na hora de ouvir o público (o famoso “povo fala”), mas faço muitas entrevistas de cultura quando estou na ancoragem e, aí sim, tem tudo a ver comigo. 

 

Até que ponto a imparcialidade é um problema para o jornalismo?

Eu concordo com algo que aprendi na faculdade, me chocou e eu nunca esqueci: imparcialidade não existe. Existe equilíbrio, isenção, integridade, mas imparcialidade não. Na hora de contar a história, escolhas precisam ser feitas. A partir do momento em que você escolhe uma palavra e não a outra, uma fonte e não a outra, um ângulo de câmera e não o outro, esse cenário e não aquele, isso já é uma posição de alguma forma. E isso não é (ou não precisa ser) um problema. Os veículos têm linhas editoriais, isso está posto. Na imprensa norte-americana, até o posicionamento político do veículo é claro, e ninguém questiona a integridade deles por isso. O que não pode acontecer é distorcer os acontecimentos, as declarações, mentir, inventar. Mas, como diz o outro, se uma fonte diz que está chovendo e a outra diz que não está, a função do jornalista não é ouvir os dois lados, é olhar pela janela. Para mim, o importante é ser fiel ao fato e aos princípios que precisam ser inegociáveis na nossa profissão, como rigor, ética, defesa da democracia e do interesse público.

INSTAGRAM DE NADEDJA CALADO:

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