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A comunicação brasileira possui em sua história décadas de nuances que acompanharam e acompanham as mudanças políticas, sociais e culturais do Brasil profundamente.
E há muitos exemplos de comunicadores, tanto os que aparecem nas imagens da TV, quanto os que trabalham atrás das câmeras. E muitos comunicadores são exemplos claros com conhecimentos sobre grandes fases da TV brasileira como os anos 80 e 90, por exemplo.
Um deles é o paulistano Arthur Ankerkrone que, hoje, mora em Poços De Caldas-MG. Com 55 anos, casado há mais de 20 e com dois filhos, Arthur possui formações em publicidade, rádio e jornalismo. E seu currículo impressiona: Rede Manchete, TV Gazeta, Nativa FM, Band, SBT, TV Cultura...
Com uma gentileza e inteligência impressionantes, Arthur Ankerkrone dá uma aula com respostas sobre a história da comunicação brasileira e suas nuances!
Quem é Arthur Ankerkrone?
Isso, o dia que eu descobrir, te conto…
O que é comunicação?
Comunicação é algo que pra mim dá muito sentido à vida. Desde pequeno sempre fui atraído por jornalismo, por rádio, TV, comunicação em geral. Não me vejo fazendo nada que não tenha alguma ligação com a arte de informar e entreter.
Como foi seu início de carreira na década de 1990?
Comecei como estagiário na Rede Manchete no dia 9 de dezembro de 1990, no departamento de Operações, mas ligado ao jornalismo. Por lá fiquei dois anos. Entrei no final do período de Pantanal, e saí na metade de Amazônia. Vi a empresa ir do céu ao inferno. Mas foi um dos lugares mais incríveis nos quais trabalhei. Tinha o melhor do talento e tecnologia da época.
O que representa a TV brasileira?
Assim como os Estados Unidos se orgulham do cinema, nós temos a obrigação de nos orgulhar da nossa Televisão, principalmente da TV aberta. Temos um histórico de criatividade e qualidade que não pode ser relegado, e muito menos esquecido pelas novas gerações. Há exceções, claro, mas no geral somos muito bons em todos os gêneros de programação. E apesar de muita gente só olhar para suas “bolhas” hoje em dia, a TV aberta ainda é quem melhor fala com o povo nesse país.
Na sua opinião, quais foram as mudanças mais importantes da TV nas últimas décadas?
Então, de 1990 pra cá, vi muita coisa boa e muita coisa ruim acontecer. Acredito que infelizmente perdemos muito no campo da criatividade, de boas ideias. Temos nos rendido fácil a formatos prontos, caso desse monte de realities, presentes na TV aberta, fechada e no streaming. O streaming, aliás, talvez seja a maior mudança que conhecemos em muito tempo. A ponto de ter desestabilizado a TV por assinatura, que está numa crise, a meu ver, irreversível. Mas ao mesmo tempo abriu um espaço gigante para produções novas.
Você ouve Rock? Se sim, quais suas bandas preferidas?
Ouço, mas sou bem eclético. Gosto bastante de algumas coisas do Pink Floyd, do Queen, sou grande fã do Alan Parsons Project. Brasileiros, gosto do Capital Inicial, Titãs (sobretudo os da linha Acústico), Legião, Paralamas, algo do Roupa Nova. Gosto muito do trabalho do Sagrado Coração da Terra, numa linha mais progressiva. E no geral, sou um grande ouvinte de trilhas sonoras, tanto de TV quanto de cinema.
Teoricamente, o sensacionalismo pode parecer algo pejorativo. Contudo, a TV brasileira possui muitas características neste sentido. Como você observa o sensacionalismo na comunicação do Brasil?
Então, aqui estão as exceções que me referi antes… O sensacionalismo existe desde que a TV se tornou mais popular, e por mais audiência que represente, é um tremendo tiro no pé no caixa de uma emissora, já que poucas marcas têm coragem de se aliar a programas desse tipo. Já trabalhei em programas desse tipo, com comunicadores desse tipo, mas honestamente acho um enorme desserviço ao público.
As redes sociais tomam conta do cotidiano da vida do brasileiro. Há 20 ou 30 anos atrás, isso era impensável. Como a comunicação lida com esse novo viés cultural quando se pensa em consumidores e/ou telespectadores?
Vejo por dois lados. A TV perdeu muito daquele catarse coletivo que existia. Lembra que todo mundo na segunda-feira comentava o que havia acontecido no Fantástico do domingo à noite? Ou o episódio do Sai de Baixo, nos anos 1990? Isso diminuiu demais. Uma novela hoje em dia, pensando aqui na ótica das redes sociais, só tem se tornado famosa por causa dos comentários, principalmente de haters. A repercussão do remake de Vale Tudo, só pra citar um caso recentíssimo, foi basicamente em cima disso. E tem coisas engraçadas nisso, veja a questão do Masterchef, que é um campeão absoluto de comentários em redes sociais, mas a audiência do programa fica em um décimo desse engajamento. Em compensação, as redes sociais e a tecnologia dos celulares democratizaram muito o acesso à produção de TV, da comunicação em geral. Mesmo o material profissional de broadcast, teve seu custo diminuído. Mas ainda não apareceu o meio-termo adequado, acho que existe uma falta de sintonia entre as tecnologias. Imagino que tem campo pra muito mais coisa nisso.
Há mais de duas décadas, você trabalha como diretor executivo pela After Hour Multimídia, correto? Como é essa atividade?
A After Hour é uma empresa que originalmente nasceu de trabalhos que fazíamos fora do horário de expediente. Na verdade, ela tem muito disso até hoje. Nasceu fazendo pequenos vídeos institucionais, mas depois acabamos indo para o mercado de eventos, como o TV ANO 70, ou Rádio 100 Anos, que fizemos para a ABERT; no momento, nosso foco tem sido bem maior para as produções em áudio, sobretudo em formatos para podcast. Demos os primeiros passos na época do TV ANO 70, criando uma série comemorativa, depois fizemos alguns audiodramas, e em meados de 2025 lançamos nossos primeiros conteúdos originais, a série de documentários Esquecidas, que terminou sua primeira temporada agora em dezembro, e o semanal Programa Tá Tudo Bem? Estamos na pré-produção de um audiodrama de grande porte com um parceiro nosso, e também devemos lançar pelo menos mais duas séries originais no ano que vem, na linha de podcasts narrativos. Ah, recentemente fomos co-produtores de uma websérie sensacional, gravada em vários países via celular: Os Deuses das Coincidências, com a 157 Elefante Movies, confiram, está toda disponível no YouTube. E paralelamente, trabalho todo dia na nossa querida TV Cultura, que é um verdadeiro pilar de resistência de criatividade e profissionalismo na televisão brasileira.





