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A comunicação possui nuances que muitas vezes não se discute e muito menos se lembra. E as artes estão anexadas à comunicação de uma forma plena e estruturada e se deve repensá-las.

 

Amanda Pilotto tem 24 anos, nasceu em Americana, interior de SP, mas mora em Bauru. Formada em Artes Visuais pela UNESP, Amanda concedeu uma das entrevistas mais ricas e importantes da história do site Enciclopédia Do Rock.

 

Com uma visão crítica e artística, Amanda Pilotto possibilita reflexões sobre arte, comunicação, sociabilidade, cultura e conhecimento. E, claro, deixa para o leitor um deleite com pensamentos e símbolos imagéticos conscientes.

Quem é Amanda Pilotto?

Que pergunta complicada…rs... Diria em um geral que sou uma jovem brasileira LGBT do interior paulista que tem afinidade e interesse em arte e aconteceu de ter os meios e recursos para explorar mais esse universo. Sou uma pessoa indecisa, direta e muito curiosa, o que me leva a sempre estar explorando e pesquisando sobre um assunto e desenvolvendo eles em minhas produções artísticas.

 

O que é um artista gráfico?

Um artista gráfico, em minha compreensão, é aquele que produz arte em um sentido visual, buscando maneiras de se comunicar por meio de ferramentas visuais, no meu caso eu utilizo muito de arte digital e tradicional, misturando pinturas, fotos, gravuras e vários tipos de materiais e recursos que me são disponibilizados para externalizar para o meio das artes visuais. Como tenho um background na área de design gráfico, em muitos momentos acabo misturando muitos conhecimentos que aprendi da área para o meio das artes, pois acho que conhecimentos de ambas as áreas podem se complementar.

 

Por que você escolheu a área das artes visuais?

Sempre gostei muito de filmes, moda e de criar coisas, fora desenhar, claro. Quando entrei no Ensino Médio me apresentaram o antigo curso técnico de comunicação visual (atualmente responde por design gráfico) que tinha na minha cidade, nele tive a oportunidade de mexer com certos materiais pela primeira vez, como mesa digitalizadora, câmera e filmadoras profissionais e semiprofissionais, ferramentas 3D e vi que era uma área que eu realmente tinha interesse, todavia via muita dificuldade em me adaptar a determinadas expectativas de certos professores o que me gerou certa frustração. Então, quando fui escolher um curso superior eu queria um que me permitisse ter maior liberdade criativa sem “noiar” muito nesse negócio de mercado e afins, então quando fui escolher entre o curso de design gráfico e artes visuais, analisei a grade curricular de cada um, e optei pelo curso de artes visuais.

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Amanda Pilotto muito sorridente e detalhe de sua obra A Enxurrada No Pé De Laranjeiracom técnica inspirada no fauvismo!

Você já trabalhou como professora de desenho. O que é lecionar para você?

Trabalhei como professora por um curto período de tempo em uma escola particular de desenho na pandemia e para mim lecionar é um desafio, nem sempre ruim e nem sempre bom. Ultimamente, vejo o passar de conhecimentos adiante como parte do processo de aprendizado também. Entender um processo, aplicar e ser capaz de passar ele adiante é como se fosse a prova de que você realmente está entendendo aquilo que você estudou.

 

Há muitas constatações nas quais as escolas, tanto públicas, quanto privadas, não desenvolvem de forma plena as artes visuais para os alunos. Qual seu opinião sobre isso?

Creio que o ensino nas escolas em geral tem sido uma questão. Agora falando apenas do ensino de artes visuais, em minha experiência particular, sempre achei o ensino de artes visuais na escola, nos poucos momentos presentes, muito nichado para um meio específico, que geralmente era voltado para o ensino de desenho em si ou puxado para análise de obras de galerias e etc. Eu não acho que as artes visuais devem ser apenas desenho ou pintura, e muito menos o estudo de apenas artes galerias, pois não acho que a verdadeira arte não seja isto. E isto pouco conversa com a contemporaneidade e a realidade da maior parte dos alunos para ser algo interessante. Todavia, conheço muitos amigos que dão aula de produção artística em escolas e vejo como eles são empenhados em tentar conversar com a realidade dos estudantes, mas são barrados em ideias por conta das “políticas” de atuação de algumas escolas, ou que acabam desmotivados por conta da má remuneração da área. Creio que é difícil você vencer uma luta sozinho, mas essas pessoas estão lá, só esperando uma oportunidade e espaço. Enfim, acho que é uma questão que engloba muitos fatores sobre o ensino em sala de aula que não sei se eu estou atualizada o suficiente para aprofundar.

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Você se formou em Artes Visuais pela UNESP. O que representa a UNESP e como é uma universidade pública?

Para mim a UNESP representa uma oportunidade e virada de jogo em minha vida, foi nela que conheci GRANDÍSSIMOS artistas e que me permitiu realizar interações com pessoas muito fora da minha realidade social, cultural e artística. Foi por meio dela que conheci pessoas dispostas a ensinar de forma gratuíta sobre fundamentos do desenho e sobre a área de entretenimento para realização de concept-arts, por exemplo. Para mim uma universidade pública é em parte os professores, mas em maior ainda é o potencial dos alunos e o senso de comunidade. A ideia de poder retribuir e passar adiante seus conhecimentos para os outros em ideia de retribuição à comunidade. Além de ser uma forma de resistência perante a realidade política-social.

 

Atualmente, há uma onda de pessoas conservadoras que atacam sistematicamente a universidade pública. Como você sente essas críticas conhecendo, por exemplo, a UNESP pessoalmente?

Não acho que a universidade pública não deve ser criticada, nem apontando seus problemas, porque defendo o pensamento crítico. Acho que há sim coisas a serem melhoradas e aperfeiçoadas. Mas o que eu vejo, pelo menos vindo de pessoas que se dizem conservadores e afins, é uma movimentação política neoliberal disfarçada de crítica, que alegam que a solução para todos estes problemas seria a privatização. Vejo a universidade pública como um movimento de resistência, e que apagar ela seria apagar parte da história dos brasileiros, por tanto em um geral sinto que estas “críticas” são na real máscaras daqueles que mais se beneficiaram com o cair da universidade pública.

Você ouve muito Rock? Quais suas bandas preferidas?

Acho que não ouço tanto Rock… Acho que de Rock, gosto muito de Emo, principalmente BMTH. Em um geral ouço muito MPB como Rita Lee, Ney Matogrosso, Charlie Brown Jr. e sambas tristes, como Cartola e Alcione.

 

Falta arte nas casas e na vida dos brasileiros?

Acho que arte nunca é demais, mas não acho que falte arte na casa e vida dos brasileiros, talvez falte o reconhecimento da mesma, talvez? Sinto que o brasileiro é muito artístico. O que falta, na minha visão, é a oportunidade social, de permitir que alguém siga carreira com a arte. Mas veja bem, a música, o filme, o grafite, o pixo, o artesanato, o próprio ato de criar em si é arte. A maior parte das vezes o que falta é só alguém alegar que aquilo que ela faz ou observa é arte.

 

Religião, música, TV, internet... Vários meios culturais, sociais e comunicacionais precisam da arte para existirem. Contudo, há mesmo arte na vida das pessoas ou elas pouco percebem ou pouco se importam com isso?

Acho que arte existe na vida das pessoas mesmo que elas não percebam ou não se importem com isto. Bem como utilizamos diariamente o conhecimento de diversas áreas do conhecimento, como a matemática para somar o valor das compras, boletos e calcular quantos dias faltam para o final de semana, usamos a arte. Quem nunca colocou uma musiquinha, filme ou videogame para espairecer? Esse espairecer nada mais é do que nossos sentidos reconhecendo a importância deste estímulo em minha opinião. Existe muito mais arte em tudo do que a gente imagina. E muitos mais artistas do que sabemos. Independente de percebermos ou não.

INSTAGRAM DE AMANDA PILOTTO:

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