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A maioria das entrevistas que o site Enciclopédia Do Rock publicado é sobre comunicação, de uma forma geral. E muitos entrevistados possuem décadas de experiência e visões diversas. Contudo, entrevistar jovens comunicadores parece ser algo até contra a estética de consumo em meios comunicacionais.
E Tiago Pechini prova que uma entrevista, também, pode ser sensacional mesmo não tendo um entrevistado, digamos, “velho” de comunicação. Natural de Bragança Paulista, com 20 e cursando o curso de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, Tiago trabalha como repórter pela Folha De SP.
Com uma inteligência nítida e com opiniões excelentes, Tiago Pechini cedeu seu tempo para respostas brilhantes e deixa claro que experiência conta muito, mas capacidade técnica e habilidades, além de modernidades, também são importantíssimas.
Quem é Tiago Pechini?
Tiago Pechini é apaixonado por comunicação, criação de vídeos e gestão de comunidade na internet. Uma pessoa que estaria sem rumo se a internet não existisse.
Como é o Tiago comunicador?
Um Tiago provocador. Acredito que o jornalismo no ambiente digital tem o papel de questionar as novas tendências, abrir diálogos sobre temas difíceis e aprofundar temas tabus. Tento nos meus vídeos provocar o máximo de reflexões possíveis em um curto espaço de tempo, e acho que levo isso para minha vida pessoal também.
Você trabalhou como criador de conteúdo digital. Como se desenvolve essa atividade?
Meus anos de criação de conteúdo fizeram eu aprender tudo que sei hoje sobre comunicação on-line. Passei por todo tipo de experiência possível e indico que qualquer repórter crie conteúdo também.
Qual a diferença entre estudar comunicação, por exemplo, numa graduação, e trabalhar com comunicação?
Sou estudante de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, e acredito que passamos por um momento delicado dentro de sala de aula. O poste passou a mijar no cachorro. Os alunos não respeitam os professores e se sentem maiores do que realmente são. O resultado disso é que na maioria das faculdades particulares de jornalismo, não se aprende mais a ser um bom jornalista, não se aprende sobre como escrever bons textos, encontrar boas fontes, apurar para uma reportagem. Hoje em dia tudo é feito para agradar os alunos, e garantir nota para passar para o próximo semestre. Respondendo a pergunta, acredito que não poderiam ser ambientes mais diferentes, são mundos distintos.
Como é trabalhar como jornalista na Folha de SP?
É jogar no Real Madrid. Os melhores do país naquela profissão estão ali. Isso faz a auto cobrança aumentar muito, mas acabo pegando um pouquinho das habilidades desses repórteres geniais só de conviver com eles, em destaque Gabriel Justo e Guilherme Genestreti que me ensinam muito apenas estando presentes no dia a dia. Trabalhar na Folha é saber que você está no maior jornal no Brasil, está pautando discussões, produzindo assuntos e aguentar todo tipo de recepção por isso. Tudo que publico gera comentário, faz parte.
Atualmente, o jornalismo passa por mudanças que refletem em redações e empresas comunicacionais de forma drástica; como, por exemplo, a falta de empregos na área. Qual sua opinião sobre?
Não podemos cair na armadilha de confundir modernização com precarização. Quando ouço conversar sobre inteligência artificial e jornalismo digital, percebo um interesse maior em descartar os trabalhadores do que em auxiliá-los com as novas tecnologias. A empresa que se reduzir numericamente irá pagar o preço por isso, bom jornalismo é feito por pessoas. Sobre a falta de empregos, acho que já estivemos piores, o mercado é instável, mas ainda circula. Como já diria Don L “AI nunca vai fazer o que eu faço”.
Você ouve muito Rock? Quais suas bandas preferidas?
Não escuto muito Rock, mas curto demais Los Hermanos (isso é Rock?) me emociono demais ouvindo, além de Radiohead e Refused.
Tiago, quais são os grandes desafios para os “focas” neste momento da comunicação brasileira?
Criar uma persona autêntica e identificável na produção de material (vídeos, textos) sem deixar de lado o tom jornalístico.
Sempre se houve um discurso na qual não precisa ter o diploma de jornalismo para ser jornalista ou mesmo trabalhar com comunicação. Você está cursando Jornalismo, correto? Logo, é necessário essa formação apenas por obrigação ou não?
Meu chefe Guilherme, citado em uma resposta acima é formado em Direito. Uma das maiores repórteres da Folha atualmente, Priscila Camazano, fez Ciências Sociais, entre vários outros exemplos. Acho que todo mundo deveria ter o privilégio de concluir uma graduação, vai criando casca. Não precisa ser jornalismo, a faculdade não ensina a ter bons instintos, a rua sim.





